A aquicultura é uma das atividades mais importantes para o sustento e geração de renda das famílias no Amazonas - e vem crescendo em todo o País, conforme Pesquisa Pesqueira de 2019 (IBGE). Essa cadeia produtiva também é foco das ações do Senar Amazonas, por meio do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), e vem beneficiando 55 pequenos produtores que vivem do manejo e criação de peixes a desenvolverem o negócio.
Os dados de aquicultura - área que compreende a produção e cultivo de espécies de água doce e salgada -, que fazem parte do relatório do IBGE, destacam o tambaqui como segunda espécie mais produzida, com 101,1 mil toneladas, 19,1% do total de peixe produzido em 2019, dos quais 73,1 toneladas apenas na região Norte, e destas 5,9 toneladas no Amazonas. No Estado, a produção de matrinxã foi a maior do país, com 1.674 toneladas, a de pirarucu de 168,4 toneladas, a de curimatã ficou em 32,1 toneladas e a de alevinos a 24.425 milheiros.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO/ONU)/2020, globalmente, os peixes forneceram para 3,3 bilhões de pessoas o equivalente a 20% de proteína média ingerida per capita. Isso mostra a relevância dos peixes para a nutrição e segurança alimentar, especialmente em países mais pobres. No Amazonas, a base da alimentação da população ribeirinha está neste produto.
Muni Lourenço, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas, destaca que o fomento às atividades de aquicultura é um caminho importante para o desenvolvimento da economia do estado, além de ser muito interessante para quem investe neste mercado. "O cultivo de peixe é vantajoso economicamente. Se o profissional tiver o conhecimento das técnicas de manejo e contar com apoio e assessoria pode ter um grande projeto, já que o consumo de peixe faz parte dos hábitos culturais do nosso estado, sendo bastante procurado pelas famílias. Os dados de crescimento deste tipo de cultura mostram o tamanho da oportunidade que existe", avalia.
Senar Amazonas fomenta o desenvolvimento do negócio dos piscicultores
O Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar Amazonas tem duas turmas ativas, das quais atende 55 piscicultores, sendo 25 de Manacapuru e 30 de Codajás. Os produtores rurais recebem apoio para superar os desafios de administração do negócio, desde os mais técnicos como manejo e produção, até os gerenciais, que visam manter o negócio saudável e crescendo. Um dos beneficiados é Luiz Souza dos Santos, do município de Codajás, que recebe assistência do Senar e vem desenvolvendo seu trabalho, graças às orientações do técnico de campo, que o acompanha.
Segundo Luiz, o projeto do Senar está sendo positivo e foi o responsável por fornecer a qualificação necessária. "Começamos a criar peixe, mas não tinha ideia como, não tinha nenhuma assistência técnica nem aqui da cidade. E agora, o Senar está nos ajudando e agora a gente sabe como é que cria um peixe e também a importância da criação do peixe para a nossa cidade, até para nossa alimentação também", comenta.
Manejo alimentar dos peixes
Atividade de manejo de biometria
Ele conta que um dos desafios que enfrenta é com o manejo dos alevinos, pois se forem muito pequenos morrem. "A solução é a gente comprar os maiores para não ter perda", avalia. Clique aqui para ver o depoimento do produtor em vídeo.
De acordo com o engenheiro agrônomo Rodrigo Guimarães, responsável pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) - implementado em 2019 pelo Senar Amazonas -, o trabalho de gestão é o grande diferencial do programa e um dos principais desafios dos produtores. "Atualmente 251 propriedades rurais foram atendidas com o apoio do programa ATEG, desde o início do programa, destes 55 são de piscicultores. Muitos produtores não têm o hábito de fazer esse controle mais minucioso do negócio, incluindo custos, gastos, fluxo de caixa e este é um dos focos principais das capacitações da ATEG".
Diferença entre pesca, piscicultura e aquicultura
A pesca é caracterizada pela atividade de retirada de recursos pesqueiros do ambiente natural, enquanto a aquicultura diz respeito ao cultivo e produção em ambiente controlado. A diferença entre aquicultura e piscicultura é que a primeira diz respeito a todos os tipos de espécies, sejam de em água doce ou salgada, já a segunda, é uma atividade focada na criação, desenvolvimento e comércio de peixes, com fins de alimentação.
Segundo a FAO/ONU, a aquicultura é capaz de fomentar a sustentabilidade diante do crescimento populacional e responder aos desafios da segurança alimentar no mundo.