Jovens líderes do agronegócio participaram, na última quarta-feira (4), do “Encontro Jovens pelo Agro” para debater a Inovação na Amazônia Rural, a importância desse tema para o fortalecimento das cadeias produtivas, as práticas inovadoras que estão sendo adotadas pelas startups e propriedades rurais na região e ainda as perspectivas para o futuro do segmento no Amazonas.
O evento, realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - Senar-AR/AM, tem objetivo de estimular a juventude a se desenvolver para assumir o protagonismo no agronegócio. No primeiro dia, os convidados Celso Scherer Filho, engenheiro agrônomo e produtor rural, e Mariana Vasconcelos, administradora e CEO da AgroSmart, conversaram com Macaulay Souza sobre a experiência de inovar no Agro.
Mariana Vasconcelos, CEO da AgroSmart, considerada a maior startup da América Latina voltada para o Agronegócio e busca oferecer dados aos produtores rurais para trazer melhorias gerenciais, contou que a primeira barreira encontrada ao iniciar o projeto foi o acesso à Internet. Então criaram uma solução sem necessidade permanente de acesso, onde o uso de inteligência artificial e algoritmo faz todo o trabalho de mapeamento de dados e apoia toda a cadeia, desde o gerenciamento de insumos até combate e controle de pragas. A empresa tem atuado em duas frentes no Amazonas: o potencial tecnológico e a Bioeconomia, considerado um dos investimentos do futuro do setor.
Mariana destacou a importância da sucessão familiar e de os jovens assumirem esse protagonismo, desmistificando a ideia que trabalhar no agro é chato, entediante. "Temos a oportunidade de usar a tecnologia, o conhecimento em gestão para transformar nosso negócio, levando para outro patamar". Ela comentou ainda sobre os desafios logísticos nas cadeias produtivas e que a demanda por soluções tecnológicas sempre existiu, porém agora estão ainda mais em evidência. “Ao mesmo tempo elas trazem duas oportunidades: uma operacional em melhoria de padrões e uso de dados para gerenciamento da cadeia; outra de gerar resiliência climática, de como se adapta a cadeia, senão, não tem cadeia", avalia.
A especialista pondera ainda que as mudanças de comportamento do consumidor levaram o mercado a demandar cada vez mais informação, sustentabilidade e rastreabilidade.
O engenheiro agrônomo Eduardo Scherer Filho é produtor rural e assumiu o controle da empresa familiar que produz cana de açúcar no município de Maués, no interior do Amazonas, e o principal cliente dessa produção é a merenda escolar. Mas a pandemia fez com fosse necessário criar alternativas para a produção parada, e a alternativa encontrada foi produzir álcool 70º para ajudar o município durante a crise sanitária e criou a produção da primeira cachaça de alambique do Amazonas.
Celso avaliou que existe uma certa resistência dos produtores e uma baixa cultura ao cooperativismo, diferente de outras regiões. Reforçou aos jovens para incentivarem em suas localidades os grupos e associações, pois geram benefícios e oportunidades de negócios. Nesse sentido, Macaulay Souza concordou que o processo de transferência de tecnologia se torna facilitado, quando beneficia vários produtores ao invés de um só.
Durante o encontro, além de discutir sobre o uso de tecnologias e aperfeiçoamento de técnicas existentes, os jovens empreendedores também falaram sobre o contexto da pandemia que forçou o setor do agronegócio a se adaptar e buscar inovações para superarem os desafios de negócio.
Mas, não ficou apenas na realidade atual, os dois convidados fizeram suas previsões e indicaram as perspectivas de para onde caminha o mercado.
Para Mariana ela vê no futuro, produtos agro produzidos no Amazonas de maneira sustentável e contando essa história na prateleira dos mercados além de Manaus ou apenas da região Norte. “O primeiro ponto é desmistificar o Agro na Amazônia, ele vai acontecer, mas de maneira sustentável. Não tem espaço para um agro que desmata, que não maneja recursos naturais, que não tem transparência, eu vejo um agro que usa tecnologia para produzir mais, que reutiliza o solo e que se comunica com o seu cliente final”.
Segundo o produtor rural do Amazonas Celso Scherer o Amazonas tem um potencial gigantesco para abastecimento principalmente do seu mercado interno, pois boa parte dos alimentos aqui consumidos são produzidos fora do Estado “se houver investimento em capacitação e a utilização de tecnologias nós conseguimos produzir todo tipo de cultura alimentar sem precisar desmatar e de maneira sustentável".
Com um rico debate e troca de ideias entre os convidados, o primeiro dia, na avaliação da superintendente Jeyn’s Alves, foi muito positivo. “Tivemos uma rica troca de ideias entre os jovens líderes que, com suas experiências e conhecimentos na prática estão ajudando a moldar esse futuro do agronegócio. Como instituição que trabalha para desenvolver lideranças e fomentar conhecimento, ficamos muito felizes com a proposta do evento e esse compartilhamento de informações”, disse.
Clique aqui para assistir a gravação do painel e acompanhar o debate.
SEGUNDO DIA DE EVENTO
O ”Encontro Jovens pelo Agro” continua nesta quinta-feira (5), das 18 às 20 horas, com o debate sobre as perspectivas para o Jovem Rural na Amazônia, com a presença de Muni Lourenço, presidente do Sistema Faea Senar Fundepec/AM; Thomaz Meirelles, do Blog Thomaz Rural, criador do blog Thomaz Rural e especialista na gestão da informação ao Agronegócio e articulista do Jornal do Commercio/AM e Denys Santos da Cruz, curador do Sebraelab Manaus e professor executivo na Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Os três jovens que representam o Amazonas na 4ª edição do programa CNA Jovem 2021 - Olivian Júlia Souza Farias, Thiago André Piedade Campos e Gabriel Gomes de Castro - terão a oportunidade de falar sobre os projetos que estão desenvolvendo e como essa iniciativa da CNA/Senar está abrindo novos horizontes.
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