O projeto Potássio do Amazonas, controlado por uma empresa canadense, é, não apenas de suma importância para o desenvolvimento regional, como extremamente viável sua exploração sustentável. Locacionalmente, encontra-se apenas a 5 km do ponto onde está prevista a construção do porto, no rio Madeira. No Canadá está a 1.500 km do mar, o que obrigou à construção de uma ferrovia para a exploração das jazidas. A Potássio do Amazonas, conta em sua estrutura acionária com 15 acionistas amazonenses, que respondem por cerca de 12% dos investimentos programados.
O empreendimento foi programado para investir de 1,2 a 1,5 bilhão de dólares e produzir, numa primeira etapa, 2 milhões de toneladas, com ampliação prevista para duplicar esse quantitativo em curto prazo. Já foram investidos cerca de 200 milhões de dólares nas prospecções iniciais, incluindo sondagens, ao longo de 12 anos desde o início do projeto e o empreendimento continua no chão, sem condições de decolar, 1) face a entraves burocráticos praticamente intransponíveis e 2) por pressão de ONGs ambientalistas radicais contrárias ao desenvolvimento de nossa ecorregião.
Segundo o empresário Jaime Benchimol, um dos acionistas do empreendimento, há uma lista enorme, cerca de 68 exigências para obtenção da Licença de Operação, atendidas quase todas, com exceção de dois itens, aos quais se acrescenta a questão das cerâmicas indígenas encontradas na área do porto, que levou à interdição da exploração mineral pelo Ministério Público Federal (MPF). Tudo indica, salienta Benchimol, sofrermos "de uma espécie de masoquismo, impondo a nós próprios sofrimentos e obstáculos de difícil solucionamento".
A silvina é um mineral natural composto de cloreto de potássio. Foto: Luis Miguel Bugallo Sánchez/Wikimedia Commons. A Amazônia não sabe equacionar bem a relação custo-benefício. Não é assim que acontece no mundo inteiro, mas é assim que as coisas ocorrem aqui, salienta. A região "precisa superar o estigma de destruidora de investimentos de porte por conta de riscos ambientais". Ao contrário, atrai olhos inimigos do mundo toda vez que aqui se pensa em estimular investimentos de porte, por menor que seja o dano ambiental, quando assim se configuraram. Jogamos contra nossos próprios interesses, na verdade, o que, diz o bem senso, precisa o quanto antes ser superado".
Jaime Benchimol salienta que o empreendimento já havia sido esquecido, porém, dado a circunstâncias conjunturais o potássio, que chegou a ser negociado a 240 dólares por tonelada, hoje os preços se elevaram a mais de 1.100 dólares/ton como resultado da guerra Rússia x Ucrânia. Consequentemente, ascendeu em larga escala a atratividade do projeto e os interesses empresariais tornam a ser repensados com muita chance de
retomada do empreendimento, desde que liberada a Licença Ambiental".
Do ponto de vista ambiental, o projeto deverá explorar uma área de desmatamento não superior a 1 km². Um milionésimo do território amazonense, de 1,56 milhão de km². Se não gerarmos alternativas econômicas para a região, não há como sair da dependência da Zona Franca de Manaus. Diante de fatores conjunturais negativos (como a redução do IPI e a Reforma Tributária), aumenta a importância de prospectar e criar alternativas econômicas para quebrar nossa eterna subordinação à política de incentivos fiscais vigente.
Nesse sentido, afirma Benchimol, "o Amazonas precisa tomar as rédeas em suas próprias mãos e avançar com projetos no auspicioso segmento da bioeconomia, do qual a mineração é um dos mais promissores, visando, em última análise, à diversificação e integração de nossa matriz econômica". A estapafúrdia guerra da Rússia com a Ucrânia, oportuno salientar, escancarou a percepção da enorme perda de tempo que levou o Brasil, há mais de 10 anos, a inviabilizar o projeto silvinita/potássio na Amazônia, que teria possibilitado ao país adquirir autossuficiência de produção/consumo e a se tornar um dos maiores produtores mundiais desse estratégico fertilizante, conclui.