ARTIGO: Amazônia sob fogo há 40 anos - Osiris Silva

Foto: Victor Moriyama / Greenpeace

Estudos da Embrapa mostram que, apesar do desmatamento dos últimos 30 anos, a realidade não é assim tão catastrófica. O Brasil é um dos países que mais conserva sua cobertura florestal, com 69,4% de suas florestas primitivas. Dos 100% de suas florestas originais, a África mantém hoje 7,8%, a Ásia 5,6%, a América Central 9,7% e a Europa apenas 0,3%. A América do Sul mantém 54,8% de suas florestas originais. Embora deva-se mencionar o esforço de reflorestar, não é possível ignorar que 99,7% das florestas primárias europeias foram substituídas por cidades, cultivos e plantações comerciais. Não que se cogite, certamente, o mesmo destino ao bioma amazônico, mas alertar para o fato de que o governo precisa assumir posicionamentos objetivos, de protagonismo, em relação às questões que tangem ao desenvolvimento sustentável da região.

Segundo a Embrapa, hoje, 84,1% do bioma Amazônia está recoberto por vegetação nativa (353.156.844 ha), incluindo vegetações florestais, não florestais e mistas, em terras públicas e privadas. As grandes superfícies hídricas (8.818.423 ha) representam 2,1% do bioma Amazônia. Os ambientes predominantemente naturais, vegetação nativa e grandes superfícies hídricas, somam 86,2% do bioma, conforme mapeamento e cálculos da Embrapa Territorial, baseados em dados de satélites do Inpe, CAR e TerraClass. Adicionalmente, deve-se levar em conta que, segundo o Código Florestal, cerca de 80% da floresta já está protegida e destinada à preservação, alcançando 173,4 milhões de hectares ou 41,3% do bioma, constituídas por 204 Unidades de Conservação, 330 Terras Indígenas e 32 Áreas Militares decretadas e estabelecidas.

Ao cruzar dados do Inpe com as informações do Cadastro Ambiental Rural (CAR/SFB), os analistas da Embrapa Territorial apontam que no primeiro semestre de 2019 foram identificadas 76.016 queimadas em áreas de desmatamento já consolidado na Amazônia. Esses locais, segundo o estudo, desenvolvem atividades agropecuárias "há anos, dezenas de anos e até há séculos"; e que cerca de 90% das queimadas detectadas em 2019 ocorreram em locais já desmatados e estão associadas ao uso do fogo na agropecuária por produtores pouco tecnificados", diz o documento.

O problema de maior vulto não é exatamente o desmatamento em si, mas a ausência de políticas públicas realistas e arrojadas indicando ao mundo que, sim, a Amazônia tem dono, que a ajuda internacional é bem vinda, mas sob comando direto do Brasil. Para maior eficácia desse posicionamento o governo brasileiro precisa de um plano de desenvolvimento, de programas e projetos efetivamente transformadores. Do contrário, é o mesmo que chover no molhado. Lá fora e aqui, come rain, come shine.

Fonte: https://portalamazonia.com/economia-na-amazonia/am...

Foto: Foto: Victor Moriyama / Greenpeace

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