Representantes do Agronegócio apontam perspectivas para a juventude rural e sonhos para o agro em 2050

Representantes do Agronegócio do Amazonas apontam perspectivas para a juventude rural e sonhos para o agro em 2050

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - Senar-AR/AM realizou, nesta quinta (5), o segundo painel do "Encontro Estadual Jovens pelo Agro", com um amplo debate sobre as Perspectivas para o Jovem na Amazônia Rural, as competências necessárias para o protagonismo de novos líderes no setor e as oportunidades que existem de atuação no Agronegócio.

Na abertura do evento, a superintendente do Senar Amazonas, Jeyn's Alves, deu às boas-vindas e ressaltou a relevância dos assuntos abordados. "Esses temas tem tudo a ver com nosso mundo jovem, com o mundo rural e são uma oportunidade de ter acesso a novas ideias e às oportunidades do Programa CNA Jovem".

Os convidados do último dia foram o presidente do Sistema Faea Senar Fundepec/AM, Muni Lourenço, o criador do Blog Thomaz Rural, Thomaz Meirelles, e o curador do Sebraelab Manaus, Denys Santos da Cruz. Em uma conversa bastante fluida e de ricas análises fomentadas pelo moderador, Macaulay Souza, ex-egresso do CNA Jovem, CEO da Onisafra, os painelistas comentaram sobre modelos econômicos, o posicionamento que o setor primário ocupa e o potencial para desenvolvimento do estado como um todo, além da importância da sucessão de negócios familiares pelos jovens.

O presidente do Sistema Faea Senar Fundepec/AM, Muni Lourenço, ressaltou a importância da participação da juventude no agronegócio amazonense, sendo esta uma das prioridades da FAEA. “Dentro da nossa atuação de defesa e representatividade do setor, temos procurado priorizar atividades e projetos que possam fomentar o desenvolvimento da juventude rural. Em todas as edições do programa CNA Jovem, os representantes do Amazonas têm tido sempre muito destaque, graças a sua competência, criatividade e força de vontade. Temos essa prioridade para que tenhamos lideranças que possam assumir o protagonismo na sequência das gerações”, pontuou.

Lourenço citou as principais iniciativas da entidade voltadas para jovens, tais como: Comissão Jovem FAEA, cursos técnicos do Senar, capacitação que é o carro-chefe do Senar Amazonas, e ampliando o Ensino Superior com a Faculdade CNA. E reforçou a necessidade de fomento à educação como principal caminho para alcançar o desenvolvimento. “Nós acreditamos que a educação é fundamental, ela é a espinha dorsal e o esteio para transformação de qualquer sociedade”, defendeu.

Em sua fala inicial, Thomaz Meirelles afirmou que não há dúvida de que o caminho para o desenvolvimento do Amazonas passa pelo desenvolvimento do setor rural. Para ele, o Polo Industrial de Manaus é fundamental para o desenvolvimento econômico, mas não pode ser a única alternativa. “Precisamos de jovens visionários para desenvolver o interior do estado através de múltiplas matrizes econômicas, para desenvolver e mudar a realidade da região”, avaliou.

Por sua vez, Denys Santos da Cruz, curador do Sebraelab Manaus, destacou a necessidade de desmistificar a inovação que, muitas vezes, é atribuída a algo extremamente novo e que não é bem assim. “Geralmente, a inovação vem de algo que já existe e você traz uma inovação aquela tecnologia”.

Durante as discussões do painel, os convidados abordaram temas como a importância de acesso aos fomentos rurais, a busca e participação de acesso a esses programas que contribuem para o desenvolvimento rural e econômico, com destaque ao plano Safra Manauara, que entra para a história do setor por ser ofertado pela primeira vez.

Análise de oportunidades para o Jovem Rural

De acordo com Muni Lourenço, o crescimento do agronegócio brasileiro tem um pilar muito característico, baseado na incorporação de novas tecnologias, em processo verticalizado e aumento de produtividade e não de área de produção. Nesse sentido, "a incorporação de novas tecnologias abre um horizonte muito promissor para o jovem, pois novas tecnologias têm tudo a ver com jovens, pois eles assimilam mais rápido a dinâmica das tecnologias".

Como forma de exemplificar esse mercado promissor, Lourenço disse que constantemente empreendedores de outros setores buscam informações com a FAEA para investir no agronegócio, sejam restaurantes querendo plantar brócolis, profissionais de material de construção querendo começar negócio na piscicultura e assim por diante. Alguns dos fatores que estão influenciando esses projetos no agronegócio são: a falta de oportunidades de emprego nas cidades, a baixa qualidade de vida e estresse.

"Temos um setor que se manteve incólume durante todo o período da pandemia, sendo a grande locomotiva da economia do Brasil. O Jovem precisa se preparar, buscar projetos e cursos do Senar e do Sebrae. Não dá mais para o jovem que quer empreender no campo, ver a propriedade apenas como uma chácara, tem de encarar como um empreendimento rural. Com geração de renda, o jovem não sai do campo", disse Lourenço.

Thomaz Meirelles, complementou sua análise quanto às oportunidades no Agro dizendo que enxerga "um mercado gigantesco aberto para ser produtor rural, ser empreendedor, para ser técnico e dar assessoria, para exercer funções públicas também". Segundo ele, o leque de oportunidades é grande também no que se refere aos fomentos e crédito. Meirelles relatou uma realidade inquietante: "Temos hoje 62 prefeitos e apenas quatro municípios com adesão ao programa de aquisição de alimentos". Na avaliação do especialista, o que está faltando para mudar esse cenário é assessoria técnica e pessoas capacitadas para levar informação ao produtor rural.

O curador do Sebraelab, Denys Cruz, ponderou sobre o olhar para o comportamento do consumidor e para as questões do micro e macroambiente. "É importante que haja uma busca do jovem que quer investir, buscar informação, capacitação. Buscar informação em relação ao que o novo consumidor tem como expectativa do que será oferecido como produto ou serviço. Ele está atento à gestão de resíduos que as empresas fazem, à política de desmatamento, às fontes de energia nos processos internos". E lembrou que os consumidores que serão atendidos no futuro próximo não serão as gerações às quais os jovens fazem parte.

Perspectivas para o Futuro

Com olhar para o futuro e partindo para o encerramento do painel, Macaulay Abreu questionou os convidados a respeito do sonho e das perspectivas que têm para os próximos anos. E as respostas foram variadas e capazes de apontar caminhos para os jovens antenados.

"Em 2050, eu quero imaginar as nossas 'caixas onde a gente mora', as nossas moradias e centros urbanos trabalhando num contexto de produção mais intensificada. Eu vejo em 2050 uma geração produzindo e consumindo os seus próprios produtos. A cultura agro invadindo o nosso dia a dia", relatou Cruz.

Meirelles fechou sua fala falando das oportunidades de crédito e agilidade para licenciamento ambiental: "Dos 38 bilhões do Pronaf - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, nós acessamos apenas 25 milhões. Temos mais de 300 mil agricultores e produtores rurais no Amazonas e apenas 446 acessaram esse crédito. Eu queria muito que em 2050 isso fosse diferente. Mas, isso vem desde 1999. Eu queria muito que o licenciamento ambiental fosse feito usando a rapidez das centenas de satélites que estão rastreando a nossa região".

E Muni Lourenço trouxe à tona um questionamento muito comum que recebe sobre o 'atraso' do setor agropecuário do Amazonas em comparação com outros estados do Norte. Nesse sentido, analisou:

"Eu arrisco dizer que nós concentramos muito o desenvolvimento em cima de Manaus, do Polo Industrial de Manaus. Isso fez com que o nosso setor primário não tivesse ritmo. Temos de fomentar outras matrizes econômicas pro nosso estado, principalmente pautado na interiorização. Meu grande sonho é ver, em 2050, nosso estado autossuficiente na produção de alimentos para o consumo da nossa população. Hoje ainda importamos algo em torno de 80% da alimentação que o amazonense consome. Isso é preocupante e, por outro lado, uma oportunidade de mercado para produzirmos aqui e substituir esses produtos que vêm de outros estados. E também exportando nossos produtos".

CNA Jovem: desenvolvendo lideranças e inovações para o Amazonas

Além dos convidados do painel, o segundo dia de Encontro Estadual Jovens pelo Agro contou com a participação dos três jovens que representam o Amazonas na 4ª edição do programa CNA Jovem 2020/2021, Olivian Júlia Souza Farias, Thiago André Piedade Campos e Gabriel Gomes de Castro contaram sobre os projetos que estão desenvolvendo e como essa iniciativa da CNA/Senar já abriu o leque de conhecimento, visão de mundo e de negócios.

Olivian Júlia Souza Farias, é uma jovem empreendedora do município de Parintins conta que a sua participação no programa a fez ter um desenvolvimento pessoal e profissional. “Esse programa me fez ter contato com jovens de outros estados e essa troca foi muito importante para mim”. O seu projeto busca uma solução alternativa de ração para aves, utilizando as avarias descartadas nos supermercados de sua cidade.

Thiago André Piedade Campos, estudante de agronomia do município de Parintins, falou com entusiasmo do crescimento que teve com CNA Jovem. "A gente entra no programa como uma semente e sai como uma árvore dando frutos”. O projeto dele consiste na criação de um sistema de produção agrícola para as famílias das áreas urbanas em um site eletrônico. E o grande diferencial é a divulgação do QR Code nos comércios de grande circulação.

Gabriel Gomes de Castro, do município de Borba, contou que a participação no programa tem feito ele aprender e desenvolver as técnicas de liderança. O projeto do jovem visa comprovar a viabilidade da fruticultura em 25 propriedades que utilizam a ATeG em Borba.

Para assistir na íntegra o segundo dia de encontro, clique aqui e para ver o primeiro painel, clique aqui.

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