Primeiro Dia de Campo do projeto aconteceu em Manaus
Brasília (29/07/2016) – O projeto de Recuperação de Áreas Degradadas na Amazônia (PRADAM) chegou no “coração” da sua proposta. Manaus, localizada no centro da maior floresta tropical do mundo, sediou o primeiro Dia de Campo da iniciativa nesta quinta-feira (28/7). O evento teve como diferencial a demonstração prática de algumas das tecnologias sustentáveis disseminadas pelo projeto.
O local escolhido para as atividades foi a estação experimental da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), a 50 quilômetros da capital do Amazonas. Aproximadamente 100 produtores e técnicos de municípios próximos participaram da programação. Orientado por pesquisadores, o grupo conheceu um experimento que associa pupunha para palmito, laranja, cajá, pimenta do reino e gliricídia, uma leguminosa que pode servir de alimento para o gado e ajuda na fixação de nitrogênio no solo. O sistema agroflorestal traz benefícios ambientais e permite a geração de renda em momentos distintos para o produtor, pois associa espécies de ciclo curto, intermediário e florestais.
“O dia de campo proporciona a possibilidade não só do produtor assistir uma palestra mas, sobretudo, visitar unidades demonstrativas onde estão implantadas as tecnologias. Isso faz com que ele possa ver com seus próprios olhos e, consequentemente, se convencer melhor da viabilidade da adoção daquela tecnologia e possa reproduzir na sua propriedade rural”, destaca o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço da Silva Júnior.
O PRADAM é uma parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Ministério da Agricultura e a Embrapa e tem por objetivo difundir princípios e tecnologias de produção sustentável no bioma amazônico. O projeto acontece em seis estados: Acre, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão, Pará e Rondônia.
“Quando se fala em sustentabilidade, estamos falando do tripé econômico, ambiental e social. E o produtor está tendo a oportunidade de ver aqui que isso realmente é possível. De acordo com o que é planejado, você pode produzir e comercializar também, e tudo isso de forma integrada e sustentável”, observa a coordenadora de Capacitação de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do SENAR Brasil, Janete Lacerda de Almeida.
Os participantes do Dia de campo também assistiram palestras de pesquisadores da Embrapa e da Ceplac sobre as tecnologias difundidas pelo PRADAM: Recuperação de Pastagens Degradadas, Integração Lavoura Pecuária-Floresta (ILPF), Sistema Plantio Direto (SPD) e Florestas Plantadas e Sistemas Agroflorestais (SAFs). No Amazonas, apesar de todas as práticas serem adaptadas à região, a previsão é que a ILPF seja a mais procurada pelos produtores, pois é uma técnica que permite a recuperação de pastagens degradadas e, ao mesmo tempo, gera renda com as outras culturas consorciadas.
“Eu acredito que todas as tecnologias elas vêm agregar aos produtores, mas acho que a ILPF agrega mais devido a crescente na área de pastagem dentro da região amazônica. Nós estamos tendo um grande crescimento em bovinocultura de leite e de corte e essa integração entre lavoura e pecuária é essencial nessa transição”, ressalta a superintendente do SENAR Amazonas, Jeyn's Martins Alves.
Desafios serão superados
Responsável pelo contato direto com os executores do projeto, a instrutora do SENAR Amazonas, Michelle Isabelle Oliveira da Silva - que já participou do primeiro módulo da capacitação de técnicos do PRADAM, realizado na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT) - acrescenta que um dos maiores desafios é promover a mudança de hábito dos produtores e mostrar que vale a pena testar uma das tecnologias em parte da propriedade.
“A gente tenta convencer através de cursos e levá-los a conhecer unidades demonstrativas, como é o caso que está acontecendo hoje. Eles estão conhecendo uma realidade, uma coisa que já acontece, e vendo que economicamente é viável. Temos que desvincular a ideia de que sustentabilidade é sinônimo de pobreza. Mostrando que é economicamente viável, nós conseguimos trabalhar essa mudança de hábito no produtor”, indica Michelle.
O tamanho “continental” do Amazonas e as dificuldades para fazer com que as informações possam chegar até os produtores não significam desânimo. Na opinião do superintendente federal do Ministério da Agricultura no Amazonas, João Batista Jornada da Jornada, com o andamento das atividades e o envolvimento de todos, o PRADAM deverá trazer muitos benefícios a longo prazo. “Em algumas regiões nós temos desafios em termos de localização, logística e transporte, mas ao mesmo tempo encontramos produtores entusiasmados e adeptos novas tecnologias e isso facilita. Acredito que com o tempo e a adesão de mais produtores, nós conseguiremos baixar os custos e melhorar a logística”, prevê.
Um dos entusiasmados é Ediraldo Sampaio de Oliveira, que produz mamão, banana e hortaliças no município de Manacapuru. Ele foi um dos produtores que veio conhecer o PRADAM mais de perto e enxergou vantagens ecológicas e econômicas no sistema agroflorestal. “Até aquele sistema de queima é eliminado, porque a própria folha que vai caindo se decompõe e incorpora matéria orgânica ao solo. Quanto a rentabilidade, temos o abacaxi, o biribá e a banana, por exemplo, tudo com ciclo diferente. Então é um sistema bem balanceado e quando o produtor se estabiliza na propriedade, quando ele tem renda constante, permanece na atividade. Quando não tem isso, muitos deles vendem a terra e se desanimam. O sistema agroflorestal também é uma forma de fixar o produtor no campo”, alerta.”
Foto: Participantes conheceram área demonstrativa com sistema agroflorestal. Crédito: Tony Oliveira
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