Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas pede mais informações sobre a criação de unidades de conservação no Estado
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço Silva, acompanhado de lideranças políticas e do setor produtivo, especialmente do município de Apuí, debateu mais uma vez a proposta de criação de unidades de conservação no Amazonas, em área superior a três milhões de hectares, durante audiência com o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Roberto Ricardo Vizentin. No curto prazo, explicou o presidente da FAEA, a reivindicação é pelo adiamento da audiência pública para tratar do assunto, marcada para o próximo dia 28. O fato, disse ele, é que os produtores rurais não receberam antes informações suficientes sobre a questão e a concretização da medida provocará graves transtornos sociais e problemas econômicos numa área já ocupada por produtores rurais.
A proposta de adiar a realização da audiência pública, explicou Ricardo Vizentin, será analisada pelo Governo Federal e, posteriormente, será dada uma resposta à comunidade. A questão é complexa. Pelo menos quatro municípios amazonenses estão diretamente envolvidos – Manicoré, Maués, Novo Aripuanã e Apuí – numa região onde já é tradicional atividade produtiva, especialmente a agricultura familiar, além da criação de gado e da existência de projetos florestais. Outra proposta apresentada ao ICMBio, que também será avaliada, é a redução no tamanho total das unidades, maneira encontrada para preservar e garantir a atividade produtiva nos municípios atingidos.
Preservação ambiental - O município de Apui, segundo os números apresentados pelo presidente do Sindicato Rural de Apuí (Sindisul), Carlos Koch, detém os maiores índices de adesão ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), instrumento estratégico na preservação do meio ambiente. Possui, ainda, 97% de sua cobertura vegetal intacta, além do fato de quase 63% das terras produtivas serem preservadas, sem agressão ao meio ambiente. Outro dado fundamental, disse ele, é que 95% dos produtores de Apuí estão enquadrados na agricultura familiar, “eles veem com bons olhos a preservação da floresta, do meio ambiente em geral”.
É preciso deixar claro, disse o presidente da FAEA, que os produtores e a população dos quatro municípios a serem enquadrados na referida unidade de conservação ambiental, não são contra o modelo e nem querem a suspensão definitiva da mesma. “Precisamos é de mais informações que nos permitam preservar bens públicos como o aeroporto da cidade, rodovias, projetos pecuários e o ecoturismo, dentre outros itens relevantes”, assinalou Muni Lourenço.
Todas as lideranças que participaram da reunião, incluindo a bancada parlamentar do Amazonas no Congresso Nacional, além do Secretário do Meio Ambiente do Estado, lembraram que o processo de colonização da Amazônia não pode ser colocado em segundo plano ou simplesmente esquecido. O próprio Governo Federal, no passado recente, incentivou a abertura de nova fronteira agrícola na região, incluindo o tradicional slogan marcado pela frase “Integrar para não Entregar”.
O presidente da FAEA lembrou uma questão estratégica para o fortalecimento da economia da Amazônia, a dependência aos projetos industriais da Zona Franca da Manaus (ZFM), que recentemente teve a vigência dos incentivos fiscais prorrogada por mais 50 anos, até 2073. “É claro que precisamos diversificar a nossa economia e reduzir a dependência da Amazônia que importa mais de 80% dos alimentos consumidos pela população”, assinalou. E priorizar a produção agrícola é a maneira correta e estratégica de enfrentar essa grave problema, concluiu.