FAEA e entidades empresariais discutem com Banco Mundial projetos para o desenvolvimento do Amazonas

Uma comitiva de executivos do Banco Mundial esteve em Manaus, no último fim de semana, para discutir recursos que irão viabilizar projetos importantes para o Governo do Estado e para a Prefeitura de Manaus. A classe empresarial foi convidada a participar do encontro para contribuir com uma avaliação crítica sobre os fatores que emperram o desenvolvimento e apontar alternativas que permitam o realinhamento da estrutura macro econômica. Participaram do evento representantes da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL Manaus), Associação Comercial do Amazonas (ACA), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), o secretário de Estado da Fazenda, Afonso Lobo, o secretário de Estado Extraordinário, Evandro Melo, o secretario de Finanças de Manaus, Ulisses Tapajós e os executivos do Banco Mundial: Roland Uarke, Deborah Wetzel, Boris Utria e da diretora-gerente e chefe de operações, Sri Mulyani Indrawati. O Banco Mundial é uma das instituições financeiras credoras do Estado do Amazonas. Emprestou, no ano passado, US$ 216 milhões, que foram destinados a aquisição e operacionalização de sistemas que permitiram ganhos a partir da eficiência na arrecadação com maior disponibilidade de serviços públicos e racionalização de gastos. Além disso, o banco apoiou a politica publica de segurança cidadã, intitulada de “Ronda no Bairro”. A Prefeitura de Manaus segue os caminhos trilhados pelo Governo do Amazonas e entrou com solicitação de empréstimo para investir em modernização. “Nós estamos pleiteando junto ao Banco Mundial US$ 150 milhões, que serão aplicados num modelo de gestão focado em resultados. Temos como meta melhorar nossa eficiência a partir do aumento da arrecadação, redução de gastos e desburocratização de processos. Hoje, a prefeitura compra produtos cerca de 25% mais caro do que o Estado. Na medida que substituirmos a tecnologia, implantando um data center otimizador, iremos gerar mais recursos que serão investidos na cidade”, explicou o secretario Ulisses Tapajós. A diretora-gerente e chefe de operações, Sri Mulyani Indrawati salientou que as questões de politicas públicas estão ligadas diretamente ao setor produtivo, impactando no desempenho de cada segmento. Em virtude disso, o Banco Mundial, que só realiza operações com governos, enviou delegação para ouvir a classe empresarial, entender os anseios de quem fomenta a economia e saber se os projetos financiados produziram o alcance social esperado. A ineficiência na logística foi uma critica unanime entre as entidades que participaram do encontro. O encarecimento no custo final dos produtos tem relação diretamente com a dificuldade de ingresso da matéria-prima assim como a escoação da produção. Os empresários salientaram que se sentem reféns dos portos privados, que cobram caro pela prestação de serviços. Pediram celeridade no projeto de construção do porto publico que esta em andamento ha mais de 15 anos. A recuperação da BR-319 foi apontada como uma solução viável para a redução de custos com transporte. A rodovia que liga o Estado do Amazonas ao de Rondônia, onde o acesso e facilitado as demais regiões brasileiras, já teve as obras interrompidas com frequência por questões ambientais, não tendo prazo para que o recapeamento seja concluído. A interiorização do desenvolvimento com o foco no fomento de atividades do setor primário seria uma alternativa, segundo o presidente da Faea, para 276 mil pessoas, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobrevivem da atividade rural no Amazonas, sendo que 256 mil dedicam-se a agricultura familiar. “Não podemos mais concentrar na capital a geração de emprego e renda. Os investimentos na infraestrutura como asfaltamento e recuperação de estradas rurais serão proveitosos para um setor que carece de recursos. Mas não podemos esquecer a democratização no acesso as informações sobre as modernas tecnologias, que permitirão que o homem do interior desenvolva sua atividade de forma sustentável, com o menor impacto possível para o meio ambiente. O intercambio com outros Estados, que possuem investimentos do Banco Mundial, que também passam por eventos climáticos extremos, seria de vital importância para aprendermos como minimizar as consequências danosas. Nos últimos dez anos, temos passado por esses problemas com mais frequência”, pontuou o presidente da Faea, Muni Lourenco. O presidente da Associação Comercial do Amazonas, Ismael Bichara elogiou a ação da Prefeitura de Manaus de retirar os camelos do centro e aloja-los em centros comerciais, no entanto, lembrou que a desobstrução das calcadas deve estar associada a um projeto de revitalização desses espaços públicos danificados. “Nos séculos passados, os empresários foram responsáveis pela construção e recuperação de inúmeras obras públicas. Atualmente, não temos condições, por causa dos elevados custos, de contribuir com o Estado e a Prefeitura para revitalizar essas áreas. A parceria entre o Banco Mundial e os governos locais evitaria o desemprego e que o homem adentrasse a floresta em busca da sobrevivência, destruindo a natureza”, ponderou Ismael Bichara. O vice-presidente da CDL Manaus, Antônio Kizen quantificou a perdas com o longo tempo de deslocamento das cargas dos grandes centros ate Manaus e reforçou a urgência de priorizar soluções que dinamizem a mobilidade urbana. “Qualquer produto vindo do Sul do país demora, no mínimo, 25 dias para chegar ate Manaus via modal rodoviário. Em casos extremos, ate 40 dias são gastos na viagem. Os esforços para interligar o Amazonas ao restante do país são bem vindos. Os congestionamentos que travam o trânsito também são um problema grave. Ainda bem que os senhores chegaram aqui no fim de semana. Se fosse durante os dias normais, não teriam conseguido circular rapidamente por Manaus. Eu tive de mudar meu escritório do centro da cidade por não aguentar ficar mais de 40 minutos parado. Os clientes desistem de comprar por causa da lentidão e os funcionários levam ainda mais tempo para retornar para casa. Os laços familiares estão se perdendo por causa desse problema social que atinge todas as classes indistintamente”, esclareceu Antônio Kizen. As demandas do setor empresarial foram anotadas pelos executivos do Banco Mundial a fim de serem avaliadas. De Manaus, eles seguiram para o Rio de Janeiro, onde irão verificar o andamento de projetos financiados pela entidade financeira naquele estado.
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