Empresa internacional de fragrâncias busca parcerias em pesquisas com plantas amazônicas
Representantes de uma das maiores empresas do mundo do ramo industrial de fragrâncias e aromas visitaram a Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM) para conhecer as pesquisas com plantas medicinais e verificar possibilidades de parceria para pesquisas que gerem aplicações práticas para o mercado de fragrâncias e aromas.
O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Francisco Célio Maia Chaves, recebeu a comitiva da empresa suíça Firmenich, na manhã de quarta-feira, 02 de abril, e apresentou os experimentos e bancos ativos de germoplasma relacionados a plantas medicinais e aromáticas, no campo da Embrapa em Manaus (AM). Participaram da visita, pela Firmenich, o vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento em Biotecnologia e Química Orgânica, Christopher Dean, que trabalha na sede da empresa em Genebra, na Suiça; o diretor de Inovação com Ingredientes Naturais, Xavier Brochet, que trabalha em Grasse, na França; o responsável técnico de Perfumaria da América Latina, Axel Voelker, e o gerente de Projetos de Sustentabilidade na Produção de Ingredientes Naturais, André Tabanez, ambos da Firminich no Brasil, sediada em Cotia, São Paulo. Participou da visita também o professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Amazonas, Emerson Lima.
Axel Voelker citou que a empresa suiça Fermenich é a segunda maior da indústria de aromas e fragrâncias e está completando 120 anos no mercado. Foi fundada em 1895 em Genebra, Suíça, como uma empresa familiar, e atualmente está presente em mais de 50 países.
O gerente de Projetos de Sustentabilidade na Produção de Ingredientes Naturais, André Tabanez, informou que o grupo está visitando vários pesquisadores na Amazônia para fazer um levantamento de possibilidades de atuação. “A Embrapa é uma instituição que temos um respeito muito grande pelo trabalho e é muito bom conhecer o que está sendo feito aqui”, afirmou. De acordo com o gerente, a empresa tem interesse em desenvolver pesquisas na Amazônia em parceria com os centros de pesquisa. “É muito investimento começar uma pesquisa do zero. Ao mesmo tempo tem muita pesquisa sendo feita que ainda falta achar aplicação pra ela. A gente tentaria unir a pesquisa desenvolvida pelos institutos de pesquisa com a capacidade da indústria de rapidamente aplicar isso e gerar benefícios para a região”, afirmou o gerente. Tabanez informou que a empresa Firmenich já utiliza duas plantas amazônicas como matéria prima e desenvolveu nos últimos cinco anos dois ingredientes amazônicos para seus produtos: o extrato aromático de açaí (Euterpe sp.) e óleo essencial de capitiú (Siparuna guianensis).
O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Francisco Célio Maia Chaves, explica que uma das contribuições das pesquisas da Embrapa é desenvolver conhecimento agronômico sobre o correto cultivo, colheita e pós-colheita dessas plantas, para garantir matéria-prima de qualidade para a produção de fitoterápicos, cosméticos, fragrâncias etc.
O professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Emerson Lima, ressaltou que a Embrapa tem contribuído com os programas de mestrado em ciências farmacêuticas e doutorado em inovação farmacêutica, na Universidade Federal do Amazonas, com o fornecimento de plantas que são estudadas nas pesquisas de mestrado e doutorado, pois a proposta do Programa de Pós-graduação é desenvolver produtos para indústria farmacêutica e cosmética a partir de plantas da região.
Com a pesquisa agronômica realizada na Embrapa se buscam formas corretas e eficientes de cultivo que possam apoiar a área farmacêutica. Os resultados desses estudos agronômicos permitem viabilizar o cultivo profissional por agricultores para que se tenha o fornecimento de matéria-prima de qualidade e inclusive possa ser feito a rastreabilidade das plantas cultivadas.
Para o desenvolvimento do mercado de fitoterápicos ou cosméticos a partir de plantas amazônicas é necessário pesquisas com o envolvimento de profissionais das várias áreas da cadeia produtiva. O professor da Ufam explicou que a cadeia produtiva de cosméticos e fitoterápicos tem vários segmentos que precisam estar interligados, desde a coleta de material, a identificação botânica, a produção de extratos e identificação das substâncias pelos químicos, além do teste de atividade e desenvolvimento das formulações pelos farmacêuticos. Caso se identifique em uma planta o potencial para o desenvolvimento de um produto para o mercado, é preciso ter também o conhecimento agronômico para o cultivo em condições adequadas. “Daí a Embrapa tem um papel crucial nesse meio”, disse o professor.
O pesquisador da Embrapa Célio Chaves destacou a importância de uma visita como esta envolvendo atores como Embrapa, Universidade e empresa para a prospecção de plantas para novas fragrâncias e novos componentes químicos que possam ser usados em seus produtos para a indústria. “No caso de haver uma parceria do uso de uma planta para a formulação de um produto, tem que ter todo o suporte agrícola em termos de fornecimento de matéria-prima”, explicou o pesquisador.
No grupo de visitantes, Axel, Cristopher e Xavier são químicos, Tabanez é agrônomo e o professor Emerson é farmacêutico. O pesquisador Célio Chaves, agrônomo, apresentou durante a visita as áreas de cultivo de várias plantas medicinais aromáticas e condimentares que estão em estudo na Embrapa, destacando-se as pesquisas com caapeba, sacaca, crajiru, pimenta-de-macaco, diversos tipos de hortelãs, açafrão, gengibre, alecrim-pimenta, erva-cidreira, capim-santo, caferana, artemísia, dentre outras espécies amazônicas e adaptadas para a região. Também apresentou os óleos essenciais de algumas dessas plantas extraídos em laboratório.
Fonte: Embrapa Amazônia Ocidental
Reportagem e foto: Síglia Regina