Presidente da FAEA, Muni Lourenço, se reúne com Procurador da República e entrega abaixo- assinado contra o pedágio ilegal na Transamazônica
Um documento com cinco mil assinaturas de moradores dos municípios de Apuí, Manicoré e Distrito de Santo Antônio do Matupi, no Sul do Amazonas, em apoio à retirada definitiva do pedágio cobrado pelos indígenas da etnia Tanharim, na Rodovia Federal Transamazônica (BR-230), foi entregue na sede do Ministério Público Federal (MPF), em Manaus, na tarde desta quarta-feira (22/01).
Após protocolar o abaixo–assinado, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço, juntamente com o presidente do Sindicato Rural do Sul do Amazonas (SINDISUL), Carlos Koch, e o prefeito de Apuí, Adimilson Nogueira, se reuniram com o Procurador da República que atua nas questões ligadas aos povos indígenas e populações tradicionais, Júlio José Araújo Júnior. Na pauta a insegurança da população que aguarda respostas pelo desaparecimento de três pessoas e o fim da cobrança do pedágio.
Durante a reunião o presidente da FAEA, Muni Lourenço, disse que a cobrança ilegal de pedágio onera indevidamente os produtores rurais e a população que necessita passar pela local. A instituição defende a instalação de um posto da Polícia Rodoviária Federal na rodovia.
“As assinaturas que foram entregues são uma forma de manifestação contra a cobrança do pedágio, que está ao longo dos anos ocasionando constrangimentos e humilhações. A população do Sul do Amazonas está temerosa sem saber o que poderá acontecer se essa situação continuar. Acreditamos na justiça e esperamos que o abaixo-assinado colabore com o MPF”, disse Lourenço.
O sentimento de medo e insegurança por parte da população foi expressada pelo prefeito de Apuí, Adimilson Nogueira. “O que pedimos são respostas para que essa situação seja esclarecida o mais breve possível; e que o pedágio seja definitivamente cancelado. Hoje as pessoas têm medo de parar com a família na reserva. Acreditamos que, enquanto demorar a esclarecer esse assunto esse sentimento vai continuar, até mesmo pessoas que estavam pensando em investir na cidade recuaram o que prejudica a economia”, afirmou o prefeito.
O presidente do SINDISUL, Carlos Koch, pediu ao procurador durante a reunião que olhasse pela população do Sul do Amazonas. “Nós produtores rurais que ficamos dia a dia produzindo alimentos, só queremos trabalhar em paz. Estamos dizendo não, a retomada do pedágio ilegal. Quero deixar claro que não temos nada contra a comunidade indígena o que queremos é que a justiça seja feita”.
Para o procurador da República, Júlio José Araújo Júnior, o Ministério é para toda a população; ressaltou que a reunião foi bastante produtiva e que o diálogo foi muito importante. Disse ainda aos participantes do encontro que a instituição não fecha os olhos para a população não indígena. Com relação ao pedágio foi sucinto ao informar que o MPF está acompanhando os desdobramentos.
Entenda o caso
Os conflitos em Humaitá, e no Distrito de Santo Antônio do Matupi, na BR 230, transformou a rotina dos moradores da região. O clima nos municípios é de insegurança a mais de um mês.
Esta situação ocorre após o desaparecimento de três homens possivelmente dentro da Reserva Tenharim no dia 16 de dezembro de 2013. Moradores dos municípios culpam os índios pelo sumiço, dizendo que foi uma retaliação pela morte do cacique Ivan Tenharim. Os índios negam envolvimento com os desaparecimentos.
O Exército, policiais civis e militares, Policia Federal, já se encontram no local realizando as investigações e a segurança. Durante os protestos da população, as bases do pedágio foram destruídas e o pedágio não voltou a ser cobrado. Os índios alegam que a cobrança é uma forma de compensação.
Diárcara Ribeiro
Assessora de Comunicação
Sistema FAEA-SENAR