Artigo - "Eurípedes Lins, este é o nome!"

Artigo: Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. Fonte: Jornal do Commercio - Data: 15 de outubro de 2013. O Sistema Sepror apresentou, na última semana, o projeto do novo Parque de Exposições Agropecuárias do Amazonas. Bonito, arrojado, funcional que será construído do outro lado da ponte Rio Negro, no município de Iranduba. No material divulgado pela assessoria de imprensa da secretaria de produção rural notei a ausência do nome do Dr. Eurípedes Ferreira Lins com relação à denominação dessa importante e estratégica obra do governo estadual. Será que terá outro nome? Acredito, sinceramente, que o governador Omar Aziz e o secretário Eron Bezerra jamais cometerão tamanha injustiça com o caboclo de Fonte Boa que dedicou toda sua vida em defesa da agropecuária do Amazonas. Enquanto todo o poder político local usava, e continua usando, todas as forças na luta pela manutenção do modelo ZFM/PIM, Eurípedes era praticamente a única voz em defesa do caboclo, da floresta e do setor rural amazonense. Em 1960, construiu o Campo Experimental Governador Gilberto Mestrinho, que mais tarde transformou-se no Parque de Exposição Angelino Beviláqua. Também em 1960, foi eleito secretário da Federação das Associações Rurais do Amazonas (FAREA), hoje denominada FAEA, atualmente no comando do jovem, competente e dinâmico Muni Lourenço Silva Junior. Eurípedes Lins iniciou a avicultura no Amazonas e foi o responsável pela primeira Exposição Agropecuária, realizada em frente ao Frigomasa. Eurípedes, que infelizmente já nos deixou, publicou sete livros (O Amazonas e seus Problemas) dedicados exclusivamente em defesa da agropecuária local. Sinceramente, não conheço outro caboclo com tamanho feito na área rural, principalmente considerando que estamos num estado focado quase que totalmente ao setor industrial. E tem mais, o parque está mudando apenas de endereço, e não de objetivo. E ninguém mais do que o Dr. Eurípedes Ferreira Lins lutou tanto em defesa desses objetivos, ou seja, do aumento da produção regional de juta, malva, castanha, açaí, milho/feijão (várzea) e de melhorias na vida do homem do campo. Portanto, não é justo sequer pensar em mudar a denominação desse novo e bonito parque. Eurípedes é sinônimo de “Exposições Agropecuárias” não por ter sido o primeiro a realiza-la no Amazonas, mas por defender, gostar e amar tudo que se relaciona ao setor primário amazonense. Se atualmente temos na produção de ovos a quase independência da importação é bom ratificar que os primeiros pintos que chegaram ao estado vieram pelas mãos do Dr. Eurípedes Lins. ACA, FIEAM, FECOMERCIO e CIEAM Em 07 de maio de 2004, por meio da Carta 120/04, as entidades acima destacadas encaminharam pleito fundamentado sugerindo ao governador Eduardo Braga dar o nome do Dr. Eurípedes Ferreira Lins ao Parque de Exposições localizado na Estrada Torquato Tapajós. Em 2009, por meio da Lei N. 3.410, de 29 de julho de 2009, o DOU de 30/07/2009 confirmava a nova denominação. O escritor Gaitano Antonaccio define Eurípedes como guerreiro em luta constante, um soldado incansável, combatendo nos mais diversos campos de batalha, usando as armas da inteligência e da palavra, digladiando com as maiores autoridades do país, e até mesmo no campo internacional, para defender o Amazonas e resolver os seus problemas. Homem cuja origem vem de uma boa fonte, pois nasceu no município de Fonte Boa, em 3 de fevereiro de 1926, convivendo com a natureza exuberante, apaixonou-se pela agricultura. Grande respeito e saudade Sempre gostei da atividade rural, mesmo sem ter, até o momento, qualquer pedaço de terra para plantar ou criar. Meu pai e Eurípedes tiveram grande influência em minha vida profissional. Aprendi e aprendo muito com eles, pois ainda tenho o privilégio de ter a companhia do meu pai e a leitura permanente das sete edições do livro “O Amazonas e seus Problemas”, deixadas pelo Dr. Eurípedes. Lembro, com muitas saudades, das visitas que fiz ao escritório dele na José Paranaguá, sede da FAEA. Ao lado de sua cadeira, sempre existia uma sacola com encomendas que chegavam do interior. Açaí, queijo, leite e por aí vai. Algumas vezes fui presenteado com esses produtos regionais. Lembro, também, com grandes saudades, das ligações telefônicas que ele sempre me fazia perguntando sobre os preços mínimos do governo federal, a PGPM, com atenção especial aos da juta, malva e castanha. Enfim, o vazio e os exemplos deixados por ele são grandes. Manter o nome dele ao novo parque é o mínimo ato de reconhecimento que o setor pode e deve fazer. Excluir seu nome será um grande equívoco e desestímulo pra boa parte dos atores que atuam no setor primário do Amazonas. Acredito, mais uma vez, na sensibilidade do Eron e do Omar. Vou aguardar convicto de que, em dezembro próximo, ao chegar ao local do Novo Parque irei encontrar a seguinte placa: “Parque de Exposições Agropecuárias Eurípedes Ferreira Lins”. É justo e merecido!