Programa Útero é Vida ultrapassa expectativas e recebe número recorde de mulheres em Apuí
Era sete horas da manhã quando a Creche Doce Lar Irmã Inês localizada no município de Apuí (aproximadamente 453 quilômetros de Manaus), começava a ficar cheia, os ônibus chegavam com mulheres rurais que percorreram um longo trajeto vindo de várias vicinais para participarem do Programa Útero é Vida, realizado no último domingo 18 de agosto. Elas compareceram e também mobilizaram as filhas, amigas e a comunidade.
O público ultrapassou a expectativa, foram realizados 246 exames de prevenção do câncer do colo do útero- Papanicolau; 52 exames de rápidos para detectar HIV e doenças sexualmente transmissíveis; massagem; corte de cabelo, delinearam as sobrancelhas, participaram de palestras educativas e as crianças ficaram em um espaço reservados para elas, com direito a cinema, brincadeiras ao ar livre e histórias.
Realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-AR/AM), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA) e Sindicato Rural do Sul do Amazonas (SINDISUL), com o apoio da Prefeitura do município. Estiveram envolvidos diversos profissionais e voluntários, como médica, enfermeira, farmacêutica, cozinheiras, educadores, cabeleleiras, no total de 65 pessoas.
O presidente do SENAR-AR/AM, Muni Lourenço, destacou que a maior satisfação é saber que o Útero é Vida está sendo realizado para mulheres que muitas vezes têm dificuldades de realizar o exame. “A realidade das mulheres atendidas pelo programa é tipicamente aquelas de comunidades rurais distantes das sedes municipais, onde há dificuldade de acesso aos serviços médicos. Temos verificado que através do Programa as mulheres rurais estão tendo a oportunidade de gratuitamente se submeterem ao exames”.
Rosana dos Santos, 17 anos, mora na estrada Nova Lacerda, no Km 03; casada e mãe de dois filhos, ajuda o marido que trabalha com milho, arroz, feijão e outras culturas. Foi a primeira vez que realizou o exame preventivo. “Eu já desejava fazer o exame, porém existe um pouco de dificuldade, essa foi à oportunidade de além do exame poder participar de outras atividades. Eu me senti cuidada e acho que levanta a auto-estima das mulheres”, argumentou quando esperava para dar um novo visual nos cabelos.
Os resultados dos exames são entregues em aproximadamente 15 dias. As mulheres que apresentam alterações celulares são encaminhadas para o tratamento pelos órgãos responsáveis. Essa é a terceira vez que o Programa é realizado no Amazonas, os municípios de Codajás e Parintins também já foram atendidos.
A ação foi considerada um sucesso pelo presidente do SINDISUL, Carlos Koch, “Para nós foi uma honra e um mérito alcançado, pois vemos a satisfação das senhoras e das jovens que foram atendidas. Porque para nós do Sindicato é um prazer ser útil para sociedade apuiense. Podemos dizer que esse é um dos primeiros programas dessa forma voltado para a saúde das mulheres do campo aqui na cidade; quero agradecer a todos que participaram, os comerciantes; a prefeitura ; os órgãos parceiros e os profissionais, porque somos uma equipe”, ressaltou emocionado.
Têm senhoras como dona Maria Vicente Ferri, 53 anos, que já fez o exame, e não deixa de fazer o acompanhamento médico, para ela esta é a terceira vez. Mãe de 5 filhos e avó de 4 netos, saiu as oito da manhã do vicinal 11, no Km 50, chegou cheia de energia e deixou um pedido, “ano que vem têm que repetir a ação, porque é muito boa para todas nós”.
A ação aconteceu durante todo o dia e para abastecer quem trabalhava e quem estava participando, foram servidos, 35 kilos de arroz; 40 fardos de verdura; 40 kilos de mandioca; 170 kilos de carne; 600 pães 15 pacotes de café; 20 litros de leite e 180 litros de refrigerantes. A bebida e o alimento foram doados pelos comerciantes do município que fizeram questão de participar. Quem preparou toda essa comida, disseram que 400 pessoas passaram pelo refeitório. “Foi a primeira vez que participei de uma ação como esta, foi muito importante para nós do município e para quem mora na zona rural”, disse a cozinheira, Andrea da Silva, 28 anos.
A diretora da Creche Doce Lar Irmã Inês, Ivanilda da Silva Fonseca, ressaltou que já tinha feito outros programas voltados para saúde na escola com os pais e os alunos, mas está foi a primeira vez que a pré escola se abre a comunidade rural realizando um evento desse porte. “Estamos aqui para abraçar essa causa que já é um sucesso e deixar nosso ambiente de portas abertas para os programas que virão beneficiar as famílias”.
Mãe de oito filhos e produtora rural, Maria da Penha Abreu, 58 anos, é uma senhora decidida quando se fala em saúde, já realizou o exame faz 6 meses mais aproveitou a ação para fazer o acompanhamento e passar pela médica. “É importante porque se der algum problema podemos fazer o acompanhamento com antecedência”.
Para o superintendente do (SENAR-AR/AM), Aécio Silva Filho, os programas ofertados pelo sistema ajudam no desenvolvimento do Brasil. “A satisfação enquanto Instituição é poder proporcionar uma das ferramentas de desenvolvimento para o país, que é a educação, além disso, através do programa Útero é Vida, poderemos utilizar outra ferramenta que é a saúde; não existe um país desenvolvido sem essas duas ferramentas”.
A produtora rural, Ivanilda Cardoso, 24 anos, tem 3 filhos e mora no Km 28; um pouco tímida e apreensiva, se disse nervosa em fazer o exame, porém, que acha necessário para prevenir de uma doença grave. “É difícil conseguir esse exame no posto de saúde, por causa do tempo e pelo nosso dia a dia, mesmo com um pouco de medo estou aqui para participar”.
“Cuidar da saúde da mulher, é cuidar de todos, pois assim a família terá a tranqüilidade; hoje a ação é de interesse social e o município está orgulhoso com a parceria com o SINDISUL e o Sistema FAEA-SENAR”, disse o prefeito Admilson Nogueira.
Dados
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que este ano o Amazonas deva registrar cerca de 600 casos de câncer de colo uterino, uma média de 34,13 casos para cada 100 mil mulheres. Segundo a assessoria da Fundação Cecon, em Manaus são tratados pacientes não só do Amazonas, mas de estados e países vizinhos.
A médica Patricia Mates, que atua no município de Apuí e participou da ação, ressaltou que o diagnóstico precoce da doença é primordial para o tratamento e para as chances de cura. “Esse programa que foi realizado foi muito oportuno para todas, porque quando detectada, a doença não atinge somente a paciente, mas a família como um todo, o emocional é uma etapa importante pois o câncer é muito evasivo. Prevenir é a melhor opção”.
O secretário de saúde e vice-prefeito do município, Delmar Hister, agradeceu a todas envolvidas na ação, destacou as agentes de saúde que estão no dia a adia nas comunidades, ajudando no acompanhamento junto as agricultoras, afirmou ainda que, “Se investirmos na prevenção, deixaremos de gastar bem mais com o tratamento”.
A coordenadora do programa, Zenira Fernandes, disse que este é um programa necessário para o Amazonas, pois a distância dos municípios e comunidades rurais para a capital é imenso, isso impede que muitas mulheres venham fazer exames mais especializados. “Chegar a capital é difícil, o Útero é Vida vem ajudando as secretarias de saúde municipais na realização dos exames preventivos”, destacou também as palestras para a educação sexual e higiene, principalmente a mobilização, parceria e conscientização foram fatores primordiais para o sucesso.
Diárcara Ribeiro
Assessora de Comunicação
Sistema FAEA-SENAR